segunda-feira, agosto 07, 2006

Além de tudo


Um tudo saía de meus olhos e pintava a paisagem, com pincéis de penugem macia e carinhosa. O dia estava lindo e a lua já havia chegado pra observar que um cenário tão comum virava sonho. Corri. Minhas pernas bambearam, mas eu só pensava no horizonte que me carregava como cegonha. Mergulhei.
Depois de bater muito rápido e muito forte o coração pacificou. Estava parado no tempo. O mundo parou pra eu observar cada detalhe. O mundo parou e meu mundo agora era o Mundo. Eu respirava e a vida entrava pelos poros.
Abri os braços e senti minha pele tocar cada gota d´água. Eu via tudo pequeno e o mundo me via grande. Eu amava e o amor encontrara tamanho.
Nenhum pensamento me ocorria. Meditava explodindo em adrenalina.
Perto do chão acabou. Soltei o cinto que me prendia à nave mágica racional.
Agora eu era. Eu era, e tinha certeza. Esqueçi Descartes e suas teorias. Eu apenas existia, além de tudo. Tudo era bom.

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