sábado, setembro 23, 2006

Escuro

Eu prefiro esquecer que o Rio existe por enquanto. Os objetos mais amáveis devem ser encobertos com panos brancos porque qualquer visão de um passado recente pode machucar.
Os olhos dela me fazem chorar. É melhor então que eu esqueça que exista, mas como ela existe! Como me arrebata o corpo todo a cada mínima memória jorrada nas sinapses de meus neurônios já confusos. Sigo na contagem regressiva, mas está longe.
Coleciono novas lembranças, muitas tem lugar certo na gaveta do esquecimento. Admiro a capacidade humana incrível de enterrar as coisas ruins. Há que se lembrar das coisas boas, mas justamente agora preciso esquecê-las.
Uma foto familiar me traz um sorriso seguido de aperto, o amor tem maneiras estranhas de se manifestar.
Viver é arrumar novos motivos pra rir e pra chorar.

2 comentários:

Anônimo disse...

Como diria Nelson Rodrigues:
"O que é a memória, senão um pátio de milagres?"

Mari disse...

"viver é arrumar novos motivos para rir e chorar." e como a gente arruma.

:*